O conceito de didática
Para
conseguirmos chegar a uma conceção de materiais didáticos, temos primeiro de
indagar acerca do conceito de didática. Uma definição consensual define a
didática como a arte, ou técnica, de ensinar, aplicação dos preceitos
científicos que devem orientar o ensino, tornando-o prático e eficiente. Atualmente,
pensadores e educadores concebem ideia de que a didática é o estudo do método
de ensino e aprendizagem que concebem formas de organização do ensino, uso e
aplicação de técnicas e recursos pedagógicos, controle e a avaliação da
aprendizagem, atitude do professor perante o ensino.
Coménio,
com a obra Didática Magna, pode ser
considerado o fundador da didática, ou pelo menos foi o primeiro pensador a
teorizar a didática, a estabelecer os princípios de ensinar tudo a todos, de
criar regras e princípios para difundir o conhecimento.
«A proa
e a popa de nossa Didática será investigar e descobrir o método segundo o qual os
professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais: nas escolas haja menos
barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e, ao contrário, haja mais
recolhimentos, mais atrativo e mais sólido progresso; na Cristandade, haja
menos trevas, menos confusão, menos dissídios, e mais luz, mais ordem, mais
paz, mais tranquilidade.»
Se
pensarmos nos diversos saberes, certamente que vamos encontrar aspetos
didáticos comuns a todos eles. Mas, de igual forma, com certeza que será
possível encontrar aspetos didáticos com caraterísticas próprias de cada saber.
Ora, a Filosofia não é exceção, nela podemos encontrar aspetos didáticos comuns
a outros saberes, mas também apresenta características didáticas próprias. São,
sobretudo, estas últimas que mais me interessam, uma vez que são as suas
características didáticas próprias que se vão adequar à especificidade da
filosofia enquanto saber – o mesmo acontece com as outras áreas do saber.
No
meu entender, e ao contrário do que muitos consideram, a filosofia não representa
uma área especial do saber. É uma área com características muito próprias, isso
sem dúvida, mas muitas outras áreas do saber também apresentam as suas
características muito próprias. A generalidade dos saberes são incomensuráveis,
pelo que não deve existir um predomínio ou privilégio de determinados saberes
sobre outros. Neste sentido, encontrar uma didática própria da filosofia é
fundamental, não por esta ser especial, mas porque o seu conteúdo é
diferente.
A
filosofia não se debruça sobre um aspeto particular da realidade, antes toma a
realidade como um todo, e talvez seja este o aspeto que mais a distância dos
outros saberes. Os conteúdos próprios da filosofia são de algum modo temas
muito gerais, que implicam todos os seres humanos, e em que cada um terá a sua
forma peculiar de os apreender. Daqui resulta a singularidade didática da filosofia.
A filosofia
trata de temas específicos da formação do homem enquanto ser-humano. O homem
social, político, religioso, moral, estético, etc., são alvo de reflexão e
análise na filosofia, ou seja, são temas que dizem diretamente respeito a todos
os alunos, em que todos eles, de uma forma ou de outra, se identificam com
esses aspetos. O sentido da vida, o amor, a amizade, a validade dos valores,
são outros temas com que os alunos diretamente se identificam. A natureza dos
temas da filosofia, não fazem desta uma área especial, mas fazem com que seja
uma área em que se tem de ter especial atenção e cuidado à transmissão dos
conteúdos. Diria até mesmo, que é necessário uma maior responsabilidade no
ensino da filosofia. Não uma responsabilidade no sentido do rigor académico e
científico – isso é transversal a todas as áreas – mas uma responsabilidade
moral, isto é, um professor aos ensinar ética, pode ensinar várias éticas, ao
ensinar religião, pode pender para qualquer religião, e assim sucessivamente em
todos os temas. O que quero dizer é que, sendo os temas de filosofia inerentes
a todos os seres humanos, e tratando de temas que envolvem a formação do homem
enquanto ser humano, existe sempre o risco do professor de filosofia cair na
sua subjetividade, e com isso servir de modelo aos alunos. Estamos a falar de
alunos com idades compreendidas entre os 15 e 17 anos, e que podem facilmente
ser manipulados, e mesmo sem o propósito da manipulação, facilmente adotam o
modelo, ou o ponto de vista que o professor lhes apresentar como mais ajustado.
Estou a pensar por exemplo, num professor que seja nazi, e que nas suas aulas
apresenta a ética sobre o ponto de vista do nazismo. Ou, por exemplo, um
professor que aponta como sentido de vida o ideal judaico ou cristão. É neste
sentido que falo de uma maior responsabilidade do professor de filosofia.
Assim, e contrariando de alguma forma aquilo que atrás tinha defendido, parece
que emerge de facto uma necessidade didática muito especial na filosofia. Contudo,
não é mesma coisa dizer que a filosofia requer uma didática especial, e dizer
que a filosofia é especial comparativamente com os outros saberes.
Didática e a Filosofia
Encontrar um método
didático que tenha em conta esta especificidade da filosofia é aquilo que
qualquer professor deve fazer. «Como lidamos com ela? Qual o instrumental
teórico que nos permite lidar com essa característica de nossa disciplina? Uma
didática da filosofia, a meu juízo, inclui questões como essa, que diz respeito
ao nosso treinamento profissional para tratar da aproximação (inevitável, ao
que parece) e do distanciamento (necessário, ao que penso) entre o professor e
o aluno de Filosofia que são provocados pela própria natureza da disciplina.» (Ribas,
Meller, Rodrigues, Gonçalves e Rocha, 2005: 165)[1].
Hoje, na educação,
existe uma grande preocupação em promover nos alunos um pensamento autónomo,
preciso e bem estruturado. O aluno deve ser dotado de uma capacidade para
pensar bem e formar o seu próprio pensamento. Todas as disciplinas devem-se
orientar para esta finalidade, devem ter presente esta preocupação. A filosofia
teria assim a “vida” mais facilitada em relação às outras disciplinas, uma vez
que, e segundo aquilo que julgo, sempre foi este o propósito do ensino
filosófico. Contudo, a questão não é tão linear como à partida parece supor. Há
vários modos de se ensinar na filosofia, podemos, por exemplo, optar por um
ensino mais enciclopédico, transmitindo apenas a história da filosofia, ou
então, optar por uma transmissão mais de carácter formal, isto é, transmitir a
filosofia tendo apenas em conta os grandes problemas com que esta se deparou ao
longo da sua história, ou ainda, por exemplo, podemos optar por ensinar de
forma a dotar os discentes de ferramentas filosóficas que lhes permitam formar
o seu próprio pensamento e que percebam por eles a natureza aberta e
especulativa da filosofia. Apesar de considerar a última opção a mais adequada,
julgo que não se pode menosprezar nenhuma delas, e optar apenas por uma destas
opções seria negligenciar uma parte importante da filosofia. Encontrar uma
didática que permita conciliar as três seria o ideal de transmissão de um saber
como a filosofia.
Esta questão não é nova
na filosofia, basta lembrarmos as palavras de Kant quando afirmava na sua
reflexão acerca do que é a filosofia?
«De mim não aprendereis filosofia, mas antes como
filosofar, não aprendereis pensamentos para repetir, mas antes como pensar».
Ensinar filosofia ou ensinar a filosofar? Dar ênfase ao conteúdo ou à forma? Esta
é uma questão que é incontornável acerca da possibilidade de ensinar filosofia.[2] Para se poder ensinar filosofia é preciso entender que relação
se estabelece entre filosofia e pedagogia. Se pensarmos na doutrina socrática
podemos concluir que Sócrates compreendeu esta relação e encontrou um
fundamento para o ensino e aprendizagem da filosofia. Sócrates terá encontrado
um método didático que ensina filosofia e a filosofar. Cabe agora encontrar uma
forma de todos os professores de filosofia o conseguirem também.
«A
filosofia deverá ser a única disciplina que tem em si os fundamentos da sua
própria pedagogia, mas é preciso compreender como e porquê. A sua
especificidade exige uma didática adequada, e esta exige uma abordagem que tem
que passar pela filosofia. Mas a chave desta passagem está na pedagogia porque
só ela cria as condições em que a síntese se obtém. Assim, podemos dizer que
esta especificidade só é vista e compreendida depois de percebida a relação
filosofia - pedagogia.» (Boavida, 1996: 93)
Se
não formos capazes de entender a relação que se estabelece entre filosofia e
pedagogia, corre-se o risco de se entrar numa pedagogia cuja preocupação é
apenas ensinar um corpus de
conhecimentos, que é mais característico das outras disciplinas, mas que não
atende à especificidade do ensino da filosofia. Tal como acontece na maioria
das outras disciplinas, a pedagogia seria apenas transmissiva e expositiva. Ou
seja, através apenas da pedagogia tradicional não vamos encontrar a didática
específica da filosofia, é necessário algo mais. Isto porque, nas outras
disciplinas o problema ensino-aprendizagem não afeta a natureza do saber em
questão, ao passo que, na filosofia, isso pode efetivamente acontecer. A forma
de ensinar e aprender filosofia pode ter interferência sobre a própria
filosofia, ou seja, aquilo que se ensina ou aquilo que se aprende[3],
pode propiciar diferentes faces do que se entende por filosofia. Aqui entra a
jogo a questão que já antes foi tratada[4],
ou seja, ao modo de ensinar filosofia está – e maior parte das vezes isso
acontece – subjacente uma
determinada conceção de filosofia, que depois passa por
se praticar ou não praticar.
É a
partir daqui que se estabelece a relação profunda entre filosofia e pedagogia,
entre o que se deve e como deve ensinar em filosofia. Um professor de
filosofia, antes de começar a sua prática pedagógica deve refletir primeiro
acerca deste tópico: o que ensinar, e qual o modo de o fazer. A estas questões
seguem-se outras duas: a quem vou ensinar e para quê.
Para
dar respostas as estas questões é necessário estabelecer quais os objetivos de
um ensino filosófico. Podemos estabelecer dois conjuntos de objetivos: os
gerais; aqueles que se apresentam definidos como os grandes objetivos e que
aparecem prescritos em todos os documentos orientadores, são objetivos como o
civismo, a obediência aos princípios, tanto éticos como racionais, a capacidade
intelectual acrescida, a interiorização e prática dos valores, etc. (cf.
Boavida, 1996: 102). E os objetivos mais restritos ou específicos; aqueles que
mais diretamente dizem respeito à disciplina de filosofia, objetivos como a
capacidade de fomentar o espírito crítico e reflexivo nos alunos, formar jovens
de pensamento autónomo, de capacidade de análise e de síntese, de
problematização e compreensão dos conceitos fundamentais, do inconformismo
perante o dado, etc. Os objetivos mais gerais reúnem um grande consenso e podem
ser extensivos a outras áreas do saber, são entendidos como a formação de base.
São grandes desígnios com que toda a gente concorda mas que a sua
operacionalização nem sempre é acessível ou confirmada, «um objetivo geral tem
um carácter relativamente extensivo e designa um resultado a atingir a médio
prazo» (Vandevelde, apud Boavida,
1996: 109). Muitas das vezes os professores não encontram os meios necessários
para atingir esses objetivos, chegando ao fim do percurso sem os ter alcançado.
É através de objetivos mais “modestos”, mais restritos, que é possível traçar o
percursos para atingir os objetivos mais gerais. Isto porque, quanto mais
restrito for o objetivo, mais funcionalidade vai adquirir, a sua
operacionalização será mais acessível. Para se atingir grandes metas é necessário
ir conquistando metas mais pequenas. Os objetivos mais restritos acabam por ser
absorvidos pelos objetivos menos restritos, e é aqui que reside o sucesso da
pedagogia.
Mas,
e na minha opinião, é a partir daqui que surge o grande problema da didática da
filosofia, ou do método ensino-aprendizagem na filosofia. A especificidade da
didática da filosofia atinge aqui o seu ponto alto. Porquê? Se analisarmos os
documentos orientadores da disciplina, vamos encontrar os objetivos gerais, se
analisarmos os manuais ou as diretivas que determinam a finalidade da
disciplina vamos encontrar os objetivos mais restritos. Até aqui não há
qualquer problema. Este só surge quando se começa a definir qual a estratégia
pedagógica e didática a escolher. Isto porque depararmo-nos com um dilema, em
que temos de optar se queremos formar jovens de pensamento crítico e autónomo,
e logicamente rigoroso, ou se vamos formar jovens que sejam sensíveis e respeitadores
dos grandes valores e das grandes estruturas racionais da nossa cultura? (cf.
Boavida, 1996: 104). Isto apresenta-se como dilema porque a estratégia
pedagógica e didática a adotar é diferente para uma ou para outra. Mesmo por detrás
de cada uma destas estratégias vai estar uma determinada conceção de filosofia,
o que envolve aqui também um problema de definição de filosofia, ou de ensino
filosófico.
No meu entender, os objetivos filosóficos
que devem ser delineados no âmbito do ensino-aprendizagem da filosofia, passam
por ambicionar que os jovens adquiram uma consciência crítica face ao lugar e
às circunstâncias, e adquiram a capacidade de pensar filosoficamente sobre os
mais diversos aspetos do real ou do que se manifesta à consciência. Que perante
problemas se posicionem de forma adequada, racionalizando e compreendendo os
aspetos gerais e abstratos, que saibam ser coerentes. «Que o aluno (…) se
posicione de certa maneira face às situações, e que adquira uma formação
filosófica decorrente destas situações e em consonância com elas. Isto é, que
se implique efetivamente, sinta necessidade de pensar e de ver claro, em suma,
que crie exigências e desenvolva sentimentos e hábitos intelectualmente úteis,
e sem os quais toda a informação filosófica que possa vir a receber será
inútil» (Boavida, 2010: 170). Estes objetivos podem ser dispostos por três
níveis, como assevera Boavida, três níveis de objetivos gerais para a
filosofia: intelectuais, afetivos e expressivos. Os intelectuais e afetivos
subdividem-se em três subníveis, os primeiros em: atitudes, hábitos e
aquisições, e os segundos em: atitudes hábitos e exigências. Já os expressivos
subdividem-se em dois níveis: rigor e adequação terminológica e correção
sintática.[5]
(cf. Boavida, 2010: 170,171).
Todos
estes objetivos requerem condições concretas, ou seja, apenas as intenções não
são suficientes para operacionalizar estes objetivos. É necessários encontrar
meios de transmitir aos alunos estes propósitos, de modo a que possam adotar
uma atitude filosófica e exercer atividades filosóficas.
Materiais didáticos
É
neste âmbito que entram especificamente os materiais didáticos. Antes de
discorrer acerca dos materiais didáticos apropriados ao ensino da filosofia, é
necessário esclarecer alguns aspetos: o conceito de material didático; o
objetivo dos materiais didáticos e a sua utilidade no processo de
ensino-aprendizagem. O conceito de material didático pode ser entendido como um
produto pedagógico utilizado na educação e, especificamente, como o material
educacional que se concebe com uma finalidade didática. Segundo Zabala o
recurso a todos os meios que de alguma forma auxiliam os professores a expor
aos conteúdos ou a resolver os problemas que emergem em aquando da planificação,
execução ou avaliação das aprendizagens, podem ser considerados materiais didáticos
ou curriculares. Ou seja, são «meios que ajudam a responder aos problemas
concretos que as diferentes fases do processo de planeamento, execução e
avaliação lhes apresentam» (Zabala, 1998: 168). A finalidade destes recursos
será o de «orientar, guiar, exemplificar, ilustrar, propor e divulgar» (Zabala,
1998: 168). A noção de material didático, será desta forma bastante ampla, isto
é, inclui tudo o que o professor possa utilizar na sala de aula. Esta é uma
perspetiva com a qual eu concordo.
Concordo
também com a tipologia que Zabala faz no que aos materiais diz respeito. Esta
tipologia assenta em quatro parâmetros: o âmbito de intervenção, a
intencionalidade, os conteúdos e o tipo de suporte. No âmbito da intervenção
estamos perante as diversas formas que os professores têm de intervir, e dizem,
sobretudo, respeito aos aspetos mais gerais que envolvem o sistema educativo,
tais como o projeto educativo (PE), etc. A intencionalidade prende-se com a
função do material a utilizar, tais como as descritas acima, orientar, guiar,
exemplificar, etc. São materiais que norteiam o professor na tomada de decisões
(exemplo: livros e artigos), são materiais que habitualmente servem de suporte
a outros materiais. Os conteúdos, tal como o próprio parâmetro indica,
relaciona-se com o tipo de conteúdos que o professor pretende desenvolver (por
exemplo: fichas formativas, programas de multimédia, etc.). Por último, temos o
tipo de suporte a utilizar, (por exemplo: o quadro, livros, revistas, slides,
vídeos, etc.)
Ricardo Carvalho
Bibliografia
RIBAS,
M., MELLER, M., RODRIGUES, R., GONÇALVES, R., ROCHA, R., (org.) (2005), Filosofia e Ensino – A Filosofia na Escola,
Unijuí (Brasil), Editora Unijuí
BOAVIDA,
João (1996), Por uma didática para a
Filosofia, Coimbra, Revista Filosófica de Coimbra nº 9
BOAVIDA,
João (2010), Educação Filosófica,
Coimbra, Editora IU
ZABALA,
A. (1998), A Prática Educativa: como
ensinar, Porto Alegre, Editora Artes Médicas
[1][1]
Apesar da citação, devo advertir para o facto de os autores não partilharem o
meu ponto de vista inicial quanto ao estatuto da filosofia. Para estes a
filosofia é efetivamente um saber especial que requer uma didática também ela
especial. Eu considero que a filosofia é um saber como tantos outros, que
apenas requer uma didática especial centrada na responsabilidade moral do seu
ensino.
[2] Esta
questão não diz apenas respeito a uma preocupação pedagógica do ensino da
filosofia, mas conduz-nos também à questão de pensar e de realizar a própria
filosofia. Leva-nos a indagar o próprio sentido da filosofia. Este problema tem
acompanhado o próprio pensamento filosófico ao longo dos séculos, pelo que não
é um assunto que possa abordar aqui de forma exaustiva, porque não é esse o
propósito do trabalho.
[3] Esta
distinção entre aquilo que é ensinado e aquilo que é apreendido pelos alunos é
pertinente no sentido de nem sempre a clareza das ideias no professor
significar clareza de ideias nos alunos, ou transmissão correta do professor
não significa obrigatoriamente uma correta assimilação por parte dos alunos. Isto
coloca em causa a própria definição de filosofia, porque aquilo que um aluno
assimilar vai fazer com que ele formule um determinado conceito de filosofia.
[4] A
questão da responsabilidade moral de ensinar filosofia que os professores devem
ter em conta.
[5] Em anexo
encontra-se o quadro esquemático apresentado por Boavida.