quarta-feira, 18 de julho de 2012

O papel das TIC no ensino!


          O conhecimento não deve, nem pode, conter limites, tem de ser encarado como um caminho aberto em constante progressão. O saber durante muitos anos foi um recurso escasso e circunscrito apenas a alguns que tinham acesso privilegiado a um conhecimento mais amplo. O conhecimento era cingido a determinadas elites, e se há campo em que não se pode fomentar qualquer tipo de elitismo é precisamente no acesso à informação. Nos nossos dias a informação passou de escassa e de difícil acesso para uma situação em que é extensíssima e de acesso fácil, generalizada a quase toda a gente. Qual o motivo para a ocorrência desta metamorfose no acesso ao conhecimento? O motivo prende-se com o aparecimento e desenvolvimento da internet.
A internet permitiu “democratizar” o acesso aos saberes e à informação, de tal modo que hoje assistimos a uma intervenção cívica muito mais vincada por parte das populações em geral. Basta dar uma vista de olhos pelas redes sociais e facilmente se verifica que as pessoas utilizadoras destes serviços se tornaram “filósofos cibernautas”, que têm opinião sobre quase tudo, que questionam diariamente os meio dirigentes da sociedade (embora nem sempre o façam com propriedade), isto já para não falar em problemas mais complexos como a Primavera Árabe ou o Movimento dos Indignados. A internet possibilitou não apenas o acesso fácil e rápido à informação, como também possibilitou a troca fácil de informação, ou seja, a internet unificou o mundo, tornando-o numa única comunidade, numa aldeia global. A internet atualmente é o principal meio de socialização e de intervenção económica e política.
            A escola não poderia de forma alguma arredar-se desta nova realidade. O novo paradigma que a internet originou no conhecimento, tem de começar por ser fomentado e aplicado nas escolas. Nunca os sistemas de aprendizagem tiveram tão boas condições para divulgar os saberes, pelo que seria negligente desprezar uma ferramenta como a internet. É neste contexto que surge a importância das tecnologias da informação e comunicação (TIC) no seio do sistema educativo. Os vários recursos que as TIC proporcionam, são ferramentas cognitivas e sociais que a comunidade educativa não pode menosprezar. A internet abriu diversos campos na educação, trouxe consigo inúmeras vantagens no processo de aprendizagem, como por exemplo: flexibilidade de tempo, o utilizador não está sujeito a horários rígidos; independência geográfica, um computador ligado à rede permite quebrar o isolamento de certas escolas, que dificilmente teriam acesso a acontecimentos distantes no espaço; baixos custos, dispondo de um computador e de uma linha telefónica, qualquer utilizador pode facilmente aceder à rede; acesso a fontes de informação, facilita o acesso a fontes de informação variada e atualizada, relativas aos conteúdos disciplinares; perenidade da informação, os documentos ficam disponíveis para que os outros utilizadores os possam consultar mais tarde; aprendizagem ativa, a realização dos trabalhos partindo dos conteúdos presentes na web favorece a valorização da ação do aluno, a aprendizagem numa perspetiva construtivista; espírito crítico, contribui para o desenvolvimento do espírito crítico, pela necessidade de seleção de informação, com vista à resolução de problemas; partilha do saber, a internet permite que o trabalho desenvolvido pelos alunos salte os muros da escola; existência de público, ao verem que os seus trabalhos são apreciados por outros, os alunos são estimulados a produzi-los com rigor, não para alcançarem uma boa classificação, mas por uma questão de realização pessoal e social;
educação global, o uso da internet facilita uma visão do mundo como uma realidade interdependente, permitindo uma partilha de problemas e o encontro de soluções; abertura ao mundo, uma sociedade cada vez mais global, a internet possibilita o conhecimento e com preensão de outras culturas; motivação, apesar de acusada de estimular o isolamento, inibindo o convívio com os colegas, a internet apresenta-se como um recurso para aumentar a comunicação com os outros (Neto apud Coutinho e Alves, 2010: 2).
Assim, as novas tecnologia representam um avanço pedagógico. As TIC abrem a possibilidade de trabalhar com algumas ferramentas que podem ser muito úteis aos professores, no sentido de motivar mais os alunos e de os englobar nos conteúdos para lá daquilo que é lecionado nos programas, permite aos alunos um acesso especializado à informação, um espaço de integração e de intercâmbio, etc. As diversas ferramentas com que se pode trabalhar permitem compreender que as TIC não estão apenas limitadas a determinadas áreas disciplinares, elas são abrangentes e aplicam-se a qualquer área, inclusive à filosofia. Com um blogue é possível, por exemplo, criar portfólios digitais para analisar o progresso dos alunos, com uma WebQuest pode-se proporcionar aos alunos um modo de aprendizagem criativo e com recurso a muita informação que a web faculta, a WebQuest possibilita aos alunos encontrarem e pesquisarem na web apenas a informação de que necessitam e que é mais relevante, e a partir daí construir o seu conhecimento. Outros recursos periféricos, como Podcast ou as redes sociais, também facilitam a transmissão de conhecimentos e aprendizagem dos alunos.
Para lá desta vertente prática e didática que as TIC possibilitam, as tecnologias têm a vantagem de poderem ser apreendidas de forma autodidática, sabendo o mínimo do seu funcionamento é possível depois desenvolver sistematicamente os seus conhecimentos. Daqui resulta que os professores de hoje podem, mais que no passado, ser mais autónomos e dessa forma controlar a sua formação e a dos seus alunos dentro daquilo que é a sua perspetiva de educação. O programa limita a autonomia dos professores mas as TIC equilibram a balança e permitem o retorno de alguma autonomia ao professor.   

Ricardo Carvalho